Quinta-feira, 28 de março de 2024

Goiânia não para de crescer

Com 100 bairros sem regulamentação, especialistas afirmam que Goiânia deve ser avaliada, a partir de agora, como município inserido em uma região metropolitana

Postado em: 24-10-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Goiânia não para de crescer
Com 100 bairros sem regulamentação, especialistas afirmam que Goiânia deve ser avaliada, a partir de agora, como município inserido em uma região metropolitana

Wilton Morais*

A população estimada de Goiânia é de 1.460 milhão de pessoas, conforme dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). O crescimento da cidade é constante. Em apenas sete anos, é estimado que a população tenha um aumento em 164 mil pessoas. A cidade possui uma área territorial de 728,841 Km². Ao completar seus 84 anos, desde a sua criação, a cidade que foi planejada não parou de crescer. 

Atualmente, a cidade quadruplicou o seu número populacional, desde a década de 70, quando era estimada uma população de 363 mil habitantes. À época, a taxa de urbanização da cidade era de 81%. Ainda naquela época, a população da cidade já era mais de sete vezes a população proposta para o seu início.

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Somado ao crescimento populacional, a expansão urbana da cidade também cresceu de forma sem controle. O pintor Ricardo Reis de Sousa, morador há dois anos do Residencial London Park, afirma diante do aniversario da cidade, que o bairro de aproximadamente 15 anos ainda não possui nenhuma infraestrutura. 

“Falta transporte público. O setor é isolado do resto da cidade”, disse Ricardo. O residencial é anterior ao plano diretor da cidade, de 2007. Ainda em crescimento, o bairro retrata a “expansão descontrolada” da Capital. “Até temos a promessa de asfalto. Mas o que temos aqui mesmo é terra, cachorro e menino”, ironizou o pintor. 

De acordo com a vigilante Sara Paula de Almeida, também falta ônibus, posto de saúde e escola na região. “Aqui não tem nada, nada. Se quisermos ir ao Cais, durante a noite; corremos o risco. Nem o uber, ou o taxi entra nesse setor”, disse a vigilante. 

Plano Diretor

Conforme a professora de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal de Goiás (UFG), Erika Cristine, o atual Plano Diretor da cidade determina o modelo espacial, que mostra os bairros próximos aos corredores coletivos sejam desenvolvidos primeiros. “Os bairros mais adensados possuem então o provimento mais adequado de infraestrutura”

A professora, explica também que o praiamento urbano – fator em que a cidade se espalha, com vias por toda a parte, tem colaborado para o crescimento, fora do estabelecido pelo Plano Diretor. “A tendência de alguns municípios de Região Metropolitana, e a Capital é o decréscimo ou a estabilidade populacional. Temos essa tendência. Mas Goiânia deve ser avaliada, a partir de agora, como município inserido em uma região metropolitana. Ou seja, o crescimento das cidades ao entorno podem prejudicar a Capital”, explicou.

Diante dos 84 anos da Capital, a especialista afirma que a cidade ainda é jovem. “Temos as vantagens de uma cidade planejada. Já tivemos cinco ou seis planos diretores. Mas é preciso pensar para os próximos anos, no processo de planejamento, a implantação do que foi planejado”, alertou Cristine. “Muita coisa do Plano Diretor ficou apenas no papel. Isso gera carência de infraestrutura e uma série de outros problemas para a cidade”, considerou.

Para a professora, o crescimento da cidade é quantitativo. “Precisamos desenvolver, e com qualidade. O crescimento apenas da população é prejudicial. Se há crescimento do transporte público e da economia a cidade se desenvolve de forma positiva”. 

Goiânia possui 100 bairros ou áreas para serem regulamentadas 

Procurada pela reportagem do O Hoje, a Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh) informou que atualmente existem cerca de 100 bairros ou áreas a serem regularizados, ou em processos de regularização na Capital.

A pasta também esclareceu que diante a aprovação de novos loteamentos na Capital, o Plano Diretor de Goiânia – Lei n. 171/2007, bem como a Lei Federal n. 6766/79 apresentam alguns pontos determinantes para a aprovação dos projetos de parcelamento, sendo: encontrar-se dentro da macrozona construída de Goiânia; possuir contiguidade com outro parcelamento (loteamento) já aprovado pelo município que tenha no mínimo 30% de ocupação; e, apresentar infraestrutura básica, sendo asfalto, energia elétrica, sistema de drenagem, e rede de água e esgoto, etc.

A pasta ressaltou ainda que diante da revisão do Plano Diretor de Goiânia, as áreas ou bairros, ainda são objeto de estudos por parte da equipe formada por técnicos da Prefeitura de Goiânia e que serão apresentadas em momento oportuno.

Quanto ao bairro mais antigo da Capital, trata-se do Bairro Popular, na região da 74 – Setor Central, entretanto, ressalta-se que o Setor Campinas já existia quando da transferência da Capital para Goiânia, sendo englobada como um de seus bairros. O mais novo é o Residencial Flores do Cerrado, localizado na região Oeste da Capital. 

(Wilton Morais é integrante do programa de estágio do Jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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