Mais de 100 trabalhadores em situação escrava são resgatados

Só em uma operação, 86 trabalhadores foram encontrados na situação análogas às de escravidão

Postado em: 14-08-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Só em uma operação, 86 trabalhadores foram encontrados na situação análogas às de escravidão

Dados da Secretaria de Inspeção do Trabalho registraram 910 pessoas resgatadas em todo Brasil, no ano passado

Raunner Vinícius Soares*

Em Goiás foram resgatados 109 trabalhadores em situação análogas às de escravo neste ano. Dados da Secretaria de Inspeção do Trabalho apontam que no Estado foram resgatados 23 trabalhadores, porém em uma operação do grupo móvel de trabalho, no dia 30 de julho a 3 de agosto, foram resgatados outros 86 trabalhadores revelando que essa modalidade ainda é muito intensa.

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No ano anterior, 2017, foram contabilizados 39 trabalhadores nesta situação representando um aumento de 70 casos. Em todo o Brasil, dados da Secretaria de Inspeção do Trabalho registrou 910 pessoas, neste ano, resgatadas nesta condição. Em comparação com 2017, que foram registrados 565, o aumento foi de 345. 

Os 86 trabalhadores foram resgatados em uma fazenda no município de Sítio D’Abadia, região leste de Goiás. De acordo com o Ministério Público do Trabalho, que integrou a força-tarefa, o pagamento de mais de R$ 213 mil em verbas rescisórias foram garantidos para estas pessoas. O pagamento era feito por saca de café. Cada saca valia R$ 15 reais, sendo que uma já ficava com o ‘gato’ para custear a alimentação fornecida. E não havia anotação em carteira, que era retida pelos empregadores.

Resgate

Neste caso, os trabalhadores foram encontrados em situação degradante, dormindo em colchões velhos e rasgados, no chão, juntamente com mulheres e até crianças, em alojamentos em total discordância com a norma. E também não havia banheiros suficientes e foi flagrada a aplicação de agrotóxicos diretamente na plantação no momento em que os trabalhadores estavam na colheita do café, sem qualquer Equipamento de Proteção Individual.

Em nota o Ministério do Trabalho reitera que o objetivo do órgão é erradicar o trabalho escravo e degradante, por meio de ações fiscais coordenadas pela Secretaria de Inspeção do Trabalho, nos focos previamente mapeados. A inspeção do trabalho visa regularizar os vínculos empregatícios dos trabalhadores encontrados e demais consectários e libertá-los da condição de escravidão.

Trabalho escravo

O MTE informou em nota que considera-se trabalho realizado em condição análoga à de escravo a que resulte das seguintes situações, quer em conjunto, quer isoladamente: a submissão de trabalhador a trabalhos forçados; a submissão de trabalhador a jornada exaustiva; a sujeição de trabalhador a condições degradantes de trabalho; a restrição da locomoção do trabalhador, seja em razão de dívida contraída, seja por meio do cerceamento do uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, ou por qualquer outro meio com o fim de retê-lo no local de trabalho; a vigilância ostensiva no local de trabalho por parte do empregador ou seu preposto, com o fim de retê-lo no local de trabalho; a posse de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, por parte do empregador ou seu preposto, com o fim de retê-lo no local de trabalho. (Raunner Vinícius Soares é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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