Seinfra pretende construir 350 estruturas para diminuir impermeabilização do solo

Intenção do secretário é colocar Goiânia entre uma das cidades com capacidade de resolver os problemas de espaços não impermeabilizado

Postado em: 12-02-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Intenção do secretário é colocar Goiânia entre uma das cidades com capacidade de resolver os problemas de espaços não impermeabilizado

Thiago Costa 

Estruturas construídas para amenizar os danos causados pela grande quantidade de água que acumula nas regiões com menos impermeabilização, os jardins de chuva são rotatórias com paisagismo e sistema de captação de água das chuvas. O projeto já saiu do papel e teve um exemplar para testes construído no setor Santa Helena, em Goiânia. O custo aproximado por unidade é de R$ 2,5 mil. 

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De acordo com o engenheiro civil e titular da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) Dolzonan Mattos a pasta pretende amenizar as questões que envolvem o acúmulo de águas nas ruas e avenidas da Capital, que atrapalha a vida dos goianienses após períodos de intensa chuva. Ele explica que a intenção é que até o fim da gestão atual a Seinfra construa centenas de jardins de chuva em vários pontos estratégicos de Goiânia.

Dolzonan conta ainda que esses espaços vão receber a água das chuvas que escorrem pelas vias da Capital em bolsões e absorverá a água que seria distribuída para outras ruas e avenidas, como a Marginal Botafogo, por exemplo, que tem um histórico de problemas por receber uma quantidade significativa de enxurrada. A ideia é reduzir o volume de água antes de chegar a pontos que atualmente são alagados com facilidade.

A intenção do secretário é colocar Goiânia entre uma das cidades com capacidade de resolver os problemas de espaços não impermeabilizados, que são comuns entre as vias urbanas do município, que atualmente, por conta da cidade ser praticamente toda asfaltada, impede que a água faça seu ciclo natural de voltar para o solo. “Com esses jardins de chuva a água terá condições de fazer o ciclo natural”, explica Dolzonan. 

De acordo com ele, o projeto conta com a urbanização semelhante às atuais rotatórias que receberam o paisagismo da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). “Estamos quebrando o asfalto, compactando toda a terra e dentro da rotatória e colocamos uma caneleta de aproximadamente 1,5 metros dentro desse bolsão que captará a água. Como o Setor Leste Universitário, por exemplo, é inclinado, em período chuvoso, a água entrará nesses bolsões entre as rotatórias o que vai resolver boa parte dos problemas de impermeabilização naquele setor que distribui grande quantidade de água n a Marginal Botafogo”, explica.

Dolzonan ressalta que a pasta ainda fará outros quatro jardins de chuva no Setor Universitário. O secretário explica que há anos Goiânia não recebia projetos voltados para combater enchentes, mas como o município cresceu e com o crescimento vieram muitas ruas, avenidas e prédios, a necessidade de pensar em como evitar essas enchentes agora é mais que necessária. “Queremos unir o útil ao agradável, já que esses jardins de chuva embelezam a cidade e também fazem um papel muito importante para o meio ambiente”. 

Drenagem

De acordo com a arquiteta e conselheira titular do Conselho Regional de Arquitetura e Urbanismo (CAU-GO) Maria Ester de Souza esse tipo de construção para Goiânia é uma das soluções que há mais de 20 anos são implantadas em outros países. Ela acredita que é uma solução para regiões que não têm sistema de captação pluvial instalado. 

Ela explica que os jardins de chuva têm duas funções. Uma delas é a drenagem da água; a outra é a inserção de áreas verdes no ambiente urbano, que geralmente é muito impermeabilizado. A arquiteta conta que em outras cidades do mundo esses jardins já são realidade. 

Maria Ester afirma que no caso de Goiânia, como em várias outras cidades brasileiras, o jardim de chuva é uma solução para resolver problemas de alagamento em regiões que necessitam desse tipo de ação emergencial.  “Goiânia nasceu com a idéia de uma cidade com muitos jardins e parques. Esse projeto que aplicará esses jardins no município confirma e melhora a intenção original que a cidade foi desenhada e desenvolvida desde a sua criação” pontua. 

De acordo com a arquiteta, Goiânia se desenvolveu como toda cidade e capital brasileira, sem pensar muito em questões para evitar enchentes e grandes volumes de enxurradas, com pouco controle de impermeabilização dos espaços.  

Bocas de lobo precisam de manutenção o ano todo  

Em Goiânia existem aproximadamente 300 mil bocas de lobo. De acordo com o titular da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), Dolzonan Mattos, mais de 80 mil dessas unidades já foram limpas nesta gestão, principalmente nas regiões baixas, que acumulam mais detritos e precisam de uma maior periodicidade de manutenção. 

Em novembro os setores que receberam a limpeza dessas bocas de lobo foram o Setor Universitário, Setor Moinho dos Ventos, Jardim Goiás, Setor Norte Ferroviário e Setor Novo Horizonte, dentre outros. Já os serviços de construção de galerias pluviais ocorrem na Rua-080, em frente ao Condomínio Vilage Toscano, no Setor São Judas Tadeu.

Os serviços preventivos são realizados de forma rotineira durante todo ano e são intensificados antes e durante o período chuvoso. O objetivo da prefeitura, segundo Dolzonan, é limpar todas as bocas de lobo de Goiânia. “Estamos trabalhando até nos finais de semana para beneficiar toda a cidade. Até o mês de setembro limpamos 30 mil bocas de lobo e recolhemos mais de três mil toneladas de lixo”, afirma.

Ainda de acordo com Dolzonan os alagamentos estão ligados diretamente à falta de conscientização de boa parte da população na hora de descartar os resíduos domésticos nos logradouros públicos. “Como se não bastasse, a impermeabilização do solo em toda a cidade agrava a situação. Todos os cidadãos precisam, de acordo com o Plano Diretor de Goiânia, deixar pelo menos 15% de área permeável em suas construções”, alerta.

Tecnologia 

Um projeto do vereador Anderson Sales (PSDC) apresentado na Câmara Municipal no ano passado pretende adicionar às bocas de lobo da Capital caixas coletoras de resíduos sólidos para diminuir o entupimento desses ambientes, que tentem a entupir com maior facilidade em períodos chuvosos. 

O projeto pretende facilitar a limpeza e manutenção dos bueiros. “Os benefícios compensam os custos iniciais para a implantação desse sistema. Na época das chuvas, Goiânia sempre sofre com alagamentos das ruas, causando congestionamentos, danos materiais e até perda de vidas. Um dos principais motivos dessa situação é a falta de escoamento adequado das águas pluviais, causada principalmente pelo entupimento dos bueiros”, justificou o vereador.

As caixas coletoras, de acordo com o projeto, pretendem diminuir a insalubridade do trabalho dos profissionais da coleta de lixo, de forma que diminua o contato direto dessas pessoas com os resíduos acoplados nessas caixas instaladas dentro de bueiros de Goiânia. Ainda segundo o projeto, o equipamento é de fácil acesso e pode ser manuseado pelos próprios agentes.  

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