Um mergulho no universo da máquina e do ser humano

‘Human and Machine – Retrospective’, de Pitágoras Lopes Gonçalves, estará aberta a visitação a partir de sexta (15)

Postado em: 14-06-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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‘Human and Machine – Retrospective’, de Pitágoras Lopes Gonçalves, estará aberta a visitação a partir de sexta (15)

“O que impacta nas obras do artista, além da robotização, são as referências das coisas ruins que existem dentro da cidade, como lixo e esgoto. O trabalho do Pitágoras, de certa forma, traz à tona os monstros que estão dentro do indivíduo que convive no meio social, esse lado meio selvagem da sobrevivência. Você se defrontar com esse seu lado é impactante. E o artista é dessa linha underground da arte – que traz uma linguagem inserida no contexto urbano da sociedade. É muito legal ficar na sua casa contemplando a rua, mas é diferente você viver na rua. O que acho bonito no trabalho do artista é essa coragem que ele tem de mostrar essa selvageria”, afirma Tatiana. Pitágoras afirma que seu trabalho tem uma poética voltada para a indagação, um isolamento da existência.

“Todo mundo, no decorrer da vida, sente a mesma miséria e a mesma alegria, mas, muitas vezes, as pessoas tentam disfarçar, e a arte quer mostrar que é preciso desmistificar isso. O mundo sempre foi trágico, pesado, e o problema vem de dentro da gente. Eu trabalho esse lado humano, mas nem eu mesmo sei o que é esse humano. Acredito que as pessoas deveriam voltar mais para si ao invés de julgar os outros”. O artista ainda fala que, muitas vezes, o que afasta as pessoas da arte é o elitismo, e afirma que não quer que isso ocorra quando as pessoas se depararem com suas obras: “Quero que todas as faixas etárias entendam minhas obras. Mas é importante enfatizar que não é algo para ser agradável aos olhos, mas até para provocar um susto”, afirma Pitágoras.

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Tatiana compartilha da visão do artista ao afirmar que não necessariamente o espectador tenha de gostar da obra em si, mas que precisa desenvolver uma ideia acerca do que está vendo. “Embora a arte não tenha função determinada, quando você se envolve com ela alguma transformação dentro de você acontece, mas isso é algo pessoal. A receptividade do público varia de acordo com a experiência pessoal de cada um”, afirma a curadora. Pitágoras completa: “Eu não sei ilustrar muito bem o meu trabalho verbalmente, por isso peço para que as pessoas visitem a mostra para ter seu próprio olhar, porque é algo pictórico”. 


Dificuldade

Segundo a curadora da mostra, realizar o evento está sendo um desafio, porque como o trabalho de Pitágoras tem várias fases, é difícil trazer um equilíbrio para que as obras dialoguem entre si. “As obras têm um impacto visual muito forte, mas o espectador precisa ver serenidade na hora de fazer a leitura. Esse tato, esse cuidado é importante, para que, assim, ao invés de as pessoas se chocarem, elas possam conseguir ler o trabalho de Pitágoras e desenvolver um olhar mais aberto em relação ao que está ocorrendo na sociedade”, afirma Tatiana. 


Pitágoras

O artista afirma que não sabe definir exatamente quando começou a atuar profissionalmente com pinturas. “Eu fiz teatro uma época e também desenhava de forma aleatória, mas não pensava em trabalhar com artes plásticas. Na verdade, nem gosto de usar as palavras ‘artista plástico’, só ‘artista’. Ele ainda afirmou que se interessava por outras áreas, como filosofia, comportamento e moda, e a união disso resultou no que é o seu trabalho atualmente. Ao ser questionado se suas obras tinham alguma característica que representasse a sua identidade artística, Pitágoras revelou: “Eu acredito que tem essa questão de eu gostar de desenhar – isso está intrínseco no meu trabalho”.

O artista foi convidado, em 2015, para participar do 34° Panorama da Arte Brasileira Da pedra Da terra Daqui, com pesquisa antropológica e curadoria de Aracy Amaral. Ao lado de nomes como Cildo Meireles, Miguel do Rio Branco, Berna Reala, Cao Guimarães e Erika Verzutti, o artista goiano se encarregou do suporte pictórico. A coletiva de arte no MAM-SP foi uma encomenda de gigantescos painéis que expressassem a contemporaneidade nos centros urbanos sobrepostas às nossas origens primitivas e uma projeção, em seu ponto de vista, para os próximos anos.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação 

da editora Flávia Popov


SERVIÇO

Mostra ‘Human and Machine – Retrospective’, de Pitágoras Lopes Gonçalves

Quando: de 15 de Junho a 14 de Julho de 2018

Local: Potrich Galeria de Arte (Rua 52, nº 689, Jardim Goiás – Goiânia)

Horário: das 10h às 18h (segunda a sexta) / das 10h às 14h (sábados) 

Entrada gratuita 

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