‘Nabuco’: as consequências de uma cultura imposta

Peça, encenada nesta sexta-feira em Goiânia, desperta reflexões sobre coronelismo, degradação do trabalho e violência contra a mulher

Postado em: 15-06-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Peça, encenada nesta sexta-feira em Goiânia, desperta reflexões sobre coronelismo, degradação do trabalho e violência contra a mulher

GABRIELLA STARNECK*


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O espetáculo Nabuco, da Cia. Rhema com texto de Rodrigo Aleixo, será apresentado nesta sexta-feira (15) no Teatro Goiânia. Com classificação livre, a peça é baseada na história de Daniel, personagem bíblico, e faz com que o público reflita sobre questões como coronelismo, a degradação do trabalho e a violência contra a mulher. 

“A proposta do espetáculo é fazer várias críticas ao nosso dia a dia, retratar nossa cultura regional por meio da história de Nabuco, um coronel que impôs sua cultura em uma cidade fictícia chamada de Cocorobó. A peça faz uma leitura do nosso tempo usando como plano de fundo a história do coronel”, afirma a diretora do Nabuco, Débora Aleixo.


Sinopse

Um coronel ambicioso por poder e fama toma a cidade de Cocorobó em um tiroteio contra o homem mais temido e respeitado da região, o coronel Horácio Serafim. Impulsionado pelo desejo de ter reconhecimento nacional pela produção de rapadura e a implantação de sua cultura aos jovens dos povoados vizinhos, o coronel Nabuco Viramundo escandaliza e assusta os moradores dessa pequena cidade, imprimindo um ritmo conturbado à pacata Cocorobó. 

A peça é contextualizada e falada em linguagem coloquial do interior de Goiás e Minas Gerais, remontando expressões, termos, ditados populares e a culinária dessas regiões. O texto traz também uma reflexão sobre a vida no campo, a degradação do trabalho e o trabalhador rural, bem como a violência contra a mulher e o coronelismo, que se reflete nas questões sociais e políticas da atualidade. “O enredo de Nabuco é retratado de que forma a ditadura do coronel afeta as classes dessa cidade”, afirma Débora Aleixo.


Produção

Segundo a diretora do espetáculo, o enredo, de certa forma, desperta uma reflexão no espectador no que se refere às consequências do domínio do coronel que é imposto, mas que nunca trará sucesso: “Essa ditadura que ele quer trazer só gera pavor nas pessoas, confusão no contexto social e cultural. O intuito é fazer com que as pessoas possam ver, na cena, retratos do nosso cotidiano. Por isso também trazemos a cultura goiana – por da linguagem e das ações dos personagens – para valorizar aspectos que marcam nossa região. Também queremos mostrar no desfecho do enredo as consequências das atitudes do coronel ao impor uma dominação”. 

Dezessete atores sobem ao palco para encenar o espetáculo Nabuco.  Segundo a diretora da peça, o principal desafio para estruturar a apresentação é justamente o fato de a Cia, Rhema ser independente, sem patrocinadores: “A principal dificuldade é a questão de conciliar a produção da peça com a nossa vida pessoal, porque os integrantes da companhia são profissionais de outras áreas também. Sem falar nos recursos financeiros para preparar o espetáculo, e também a questão do tempo”. 


Cia. Rhema

Com uma história de 26 de existência, a Cia. Rhema – Teatro, Musical e Dança, ao longo desse período, desenvolveu ações artísticas de apoio a vários seguimentos – como Igrejas, Casas de Ressocialização, ONGs e prefeituras – levando a arte do teatro e da dança como ferramenta de conscientização e valorização da vida humana. A Cia. viaja por todo território nacional, visitando das capitais até os mais longínquos vilarejos e tribos indígenas, além de apresentações em mais de nove países.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação 

da editora Flávia Popov


SERVIÇO

‘Nabuco’

Quando: sexta-feira (15)

Onde: Teatro Goiânia (Avenida Tocantins com Avenida Anhanguera, Qd. 67, Lt. 32, Setor Central – Goiânia)

Horário: 20h

Entrada: R$ 25 (meia/antecipado) R$ 50 (inteira)

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