“Através do futebol, falamos sobre música, homem, infância”

‘Samba Futebol Clube’ está em cartaz no Teatro Madre Esperança Garrido, em Goiânia

Postado em: 15-06-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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‘Samba Futebol Clube’ está em cartaz no Teatro Madre Esperança Garrido, em Goiânia

SABRINA MOURA*


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Musical que une duas paixões brasileiras, a música e o futebol, chega a Goiânia nesta sexta-feira (15) e no sábado (16), no Teatro Madre Esperança Garrido, na Capital. O Samba Futebol Clube mistura música, teatro, dança e vídeo – sob a direção de Gustavo Gasparani. Devido ao sucesso de crítica e público, o espetáculo passa por Brasília (DF) e Cuiabá (MT) – além de Goiânia.

A peça, que estreou em 2014 no Rio de Janeiro– ano em que ocorreu a Copa do Mundo no País –, segundo o diretor Gasparini, surgiu sob sugestão do jornalista João Pimentel ao assistir a um espetáculo dele. Após o questionamento sobre fazer um espetáculo sobre futebol, Gustavo propôs ao jornalista: “Como futebol não é minha especialidade – a música brasileira e o teatro sim – me traz toda a pesquisa sobre o tema”.

Através de um repertório e vários os textos, levados pelo jornalista, o diretor estudou bastante, selecionando um repertório mais afetivo, que passa pela infância e pela história do Brasil. “Através do futebol, estamos falando, na verdade, do homem e do País. Fizemos uma coisa menos técnica para torcedores e que contemplasse também quem não é fanático por futebol. Com isso, conseguimos agradar as idades e plateias”, conta Gasparani.

Em cena, entram oito atores/músicos, formando um time de jogadores e torcedores, que se revezam numa narrativa dramático-musical. “No primeiro ato, contamos a relação da música com o futebol, através dos torcedores; e, no segundo ato, através dos nossos jogadores”, explica o diretor. “A ideia de ser um musical foi por conta da enormidade de canções que tratam do tema. É muita música! Utilizamos mais ou menos 25% de todo o material musical existente no espetáculo”, completa.

O espetáculo carioca foi muito bem premiado: de 40 indicações, levaram dez prêmios, sendo eles: dois Prêmios Shell nas categorias Ator – por todo o elenco – e Direção Musical. Recebeu ainda dois Prêmios Cesgranrio como Melhor Diretor e Melhor Coreógrafo. Por fim, recebeu dois Prêmios APTR, por Melhor Autor e Melhor Espetáculo, dois Prêmios Reverência, nas categorias Diretor e Ator, e dois Prêmios Botequim Cultural nas categorias de Melhor Autor e Melhor Diretor. Além da temporada no CCBB, o projeto também esteve em cartaz no Teatro Carlos Gomes e no Teatro Leblon, no Rio de Janeiro.

Como parte da encenação do espetáculo, todos tocam os instrumentos ao vivo. A coreografia, assinada por Renato Vieira, parte dos gestos dos próprios jogadores e torcedores, transpondo e recriando um balé popular, familiar aos brasileiros para as dimensões do teatro musical. “Através do futebol e da sua relação com música popular brasileira, o espetáculo fala do homem, da infância, das suas relações com o outro e dos momentos do País”, diz Gasparino.

O diretor ainda afirma que é “um espetáculo de brasilidade muito forte”, e, ao colocar ele no teatro o público tem um outro ponto de vista em relação a esse esporte: “A teatralidade dos gestos, dos movimentos do futebol e da dança são levados de uma outra forma pra cena que fica muito diferente a de um jogo de futebol de fato. A crítica seria em que o futebol está ligado à história do País. Ao contar a história da música com o futebol, passando pelas épocas e pelos momentos do País, com a ditadura militar, esse momento atual em que o Brasil vive e os momentos de ouro do Brasil (anos 50) onde ele estava dando certo (época JK)”.

Conforme conta Gasparino, se o futebol fosse um esporte silencioso, “sem cantoria, sem estádios, hinos e até a trilha que embala os melhores momentos da torcida, provavelmente seria algo muito chato”. Utilizando elementos do jogo, da música brasileira e da dança do futebol, o espetáculo traz, então, vídeos com tratamento pop – numa mistura de linguagens e imagens de jogadores e jogadas importantes – que ilustram as histórias entrelaçadas por músicas e textos. Nele, estão ritmos como o samba, a bossa-nova, o choro, o rock, o sertanejo universitário e o hip hop. O critério do diretor Gasparani em relação às músicas foram a beleza, a pertinência das letras em relação ao tema e às cenas.

O espetáculo, com um elenco basicamente carioca, possui foco nos times do Rio de Janeiro, embora faça homenagens a outros times. “É curioso, porque os próprios textos dos escritores que a ente usa como Drummond, Paulo Mendes Campos, Nelson Rodrigues são de pessoas que escrevem sobre o futebol carioca e que não necessariamente são de lá. Nós temos um ator de Goiás, que é o Daniel Carneiro, e temos um de Curitiba, que é o Gabriel Manita, que falam dos times deles – tem uma citação ao Villa Nova por exemplo. Eu espero que a recepção em Goiânia seja tão calorosa quanto foi do Rio”, finaliza Gustavo Gasparini.

O espetáculo conta com patrocínio do Programa Petrobras Distribuidora de Cultura, que tem como objetivo contemplar projetos de circulação de espetáculos teatrais não inéditos, em parceria do Ministério da Cultura.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação 

da editora Flávia Popov


SERVIÇO

‘Samba Futebol Clube’

Quando: sexta-feira (15) e sábado (16)

Onde: Teatro Madre Esperança Garrido (Avenida Contorno, 63 – Setor Central)

Horário: 21h

Entrada: R$ 25 (inteira) e R$ 12,50 (meia) 

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