Coletivo de Atrações ocupa Vila Cultural com programação gratuita

Instalação, cenografia, projeções, design, teatro, performance, narrativas cinematográficas, são linguagens que se unem em um mesmo espaço

Postado em: 14-08-2018 às 10h40
Por: Kamilla Lemes
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Instalação, cenografia, projeções, design, teatro, performance, narrativas cinematográficas, são linguagens que se unem em um mesmo espaço

Da Redação

Entre os dias 16 de agosto e 16 de setembro o público de Goiânia conhecerá um surpreendente projeto cultural, que foge da estética clássica e propõe um novo tipo de experimentação. Trata-se do Coletivo de Atrações, que ocupará a Vila Cultural Cora Coralina e provocará a plateia por meio de espaços cenográficos, performances cênicas, palestra sobre a conceituação do projeto e oficinas para crianças e adultos. A criação e direção é de Hélio Fróes e Rô Cerqueira, a organização é da Balaio Produções Culturais, e a ação conta com recursos do Fundo de Arte e Cultura do Governo de Goiás. Toda a programação é gratuita.

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Inquieta Imersão

Segundo seus idealizadores, o Coletivo de Atrações é uma possibilidade de encontro entre artistas de diferentes saberes e fazeres com o intuito de aprofundar suas pesquisas e de causar uma intersecção criativa, que se propõe a refletir sobre outras formas de fazer arte, que escapa a toda intenção utilitária.

O que o Coletivo de Atrações propõe é uma imersão em universos imaginários, que provoque discussões e percepções sobre a vida real e a violência contemporânea. A temática é propositadamente contraposta à sutileza e fragilidade dos suportes artísticos utilizados (plástico, papéis, projeção de luzes e sombras). Uma instalação chamada SILHUETA CESARE, que ficará em exposição por 30 dias, cria o cenário para a performance interativa chamada PASSAGEM, que ocorrerá em 4 momentos determinados. Uma palestra sobre os conceitos criativos do projeto resgatam os elementos teóricos e históricos que contribuíram para o resultado e três oficinas, que dialogam com as técnicas aplicadas no trabalho, completam a experiência. Assim, o COLETIVO DE ATRAÇÕES pretende construir narrativas fragmentadas que causem a diluição das fronteiras entre o factual e a ficção, a violência e a poesia, a fisicalidade e o virtual, a luz e a sombra.

Carcinoma e Silhueta

A experiência pessoal de uma doença agressiva mudou os rumos da obra de arte. Um câncer no esôfago, um aterrorizante adenocarcinoma, transformou a vida e a obra de um dos idealizadores do Coletivo de Atrações. Hélio Fróes decidiu que estamparia em sua obra o seu órgão de digestão afetado, extipardo por uma cirurgia e uma recuperação dramática. Com isso, o criador formulou sua narrativa sobre tudo que consumimos indiscriminadamente, de forma cada vez mais veloz, e que nos chega por todos os sentidos. A digestão do mundo tornou-se potencialmente letal.

SILHUETA CESARE reproduz um esôfago de 20 metros dentro da obra, sendo esse é o suporte principal para receber as sombras, sons e corpos que interagem com a instalação. Uma criação interdisciplinar que dialoga com a estética do Expressionismo Alemão do filme O GABINETE DO DR. CALIGARI (1919), com a violência urbana contemporânea e com a fragilidade de vidas humanas expostas ao caos. Inevitáveis relações entre o filme do diretor Robert Wiene e seu contexto histórico, com as questões político-econômico-sociais dos nossos dias, produziram, para este projeto artístico, imagens que oscilam entre ilusão e realidade, entre universos interiores da existência humana e a dureza do mundo exterior. Uma metáfora sobre o cotidiano de uma urbanidade apática e sonâmbula – como o personagem Cesare, que é manipulado por Dr. Caligari -, perante décadas de opressões sociais, muitas vezes silenciosa e perversa, justamente por ser hipnotizante.

Coletivo Criador

A equipe é formada por criadores independentes que intercambiam seus trabalhos há vários anos. São profissionais que sempre buscaram agregar parceiros e construir articulações ideológicas entre arte e sociedade. Entre eles: Hélio Fróes (Dramaturgo, roteirista e diretor de teatro e cinema, Mestre em Poéticas da Cena e do Texto Teatral pela UNIRIO.); Rô Cerqueira (Artista visual, cineasta e pesquisadora, Mestre em História da Artes pela UERJ e Mestre em Cenografia pela UNIRIO); Fernanda Pimenta (Atriz, palhaça, diretora, dramaturga e produtora, que desenvolveu pesquisa de Mestrado em artes da cena na Unicamp e que atualmente atua nos grupos Farândola Teatro, Grupo Bastet, Cia de Arte Poesia que Gira e Cia de Teatro Nu Escuro); Júnior Oliveira (Bacharel em Direção de Arte pela UFG, Especialista em Docência do Ensino Superior pela FABEC e Iluminador Cênico); Luana Otto (fundadora e diretora geral da Balaio Produções, produtora cultural atuante em diversas linguagens artísticas). 

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