Manga de Vento: Uma reflexão acerca da liberdade artística

Dentre os temas que serão abordados ao longo da semana, ganham destaque questões ligadas à liberdade artística

Postado em: 27-08-2018 às 02h13
Por: Fabianne Salazar

GABRIELLA STARNECK

O  Manga de Vento – Mostra Expandida de Dança traz, de hoje (27) até 2 de setembro, performances, oficinas e debates com renomados artistas contemporâneos para o Centro Cultural da UFG. Dentre os temas que serão abordados ao longo da semana, ganham destaque questões ligadas à liberdade artística. Isso porque alguns dos convidados, Elisabete Finger, Maikon K, Renata Carvalho e Wagner Schwartz, foram objetos de debates em torno de liberdade de expressão, censura e limites na arte.

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Wagner, em sua performance La Bête, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, oferece seu corpo nu para ser dobrado e desdobrado pelo público, revisitando a proposta das esculturas Bichos, de Lygia Clark. Na mesma ocasião, a coreógrafa Elizabete Finger foi criticada por ser mãe de uma criança que esteve presente.

Maikon, em sua performance DNA de DAN, fica nu e imóvel dentro de uma bolha transparente. Na apresentação em frente ao Museu Nacional da República, em Brasília, teve seu cenário danificado e foi detido pela Polícia Militar sob a acusação de ato obsceno. Renata, atriz, teve sua peça – O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu – censurada, e foi impedida de se apresentar por ser travesti e interpretar Jesus Cristo.

‘Domínio Público’

Por terem passado por situações semelhantes, os quatro artistas se unem, nesta segunda-feira (27), às 20h, em Domínio Público, para uma reflexão a partir dos ataques sofridos. Tomando como ponto de partida um dos ícones da história da arte, revelam como uma obra pode ser utilizada em diferentes narrativas ao longo do tempo, incitando as mais diversas reações, espelhando os fatos e absurdos de nossas sociedades.  “Para mim, não existe limites para arte. Arte é o lugar da denúncia”, afirma Wagner Schwartz.

O artista ainda ressalta que ele, assim como Elisabete, Maikon e Renata, estarão abertos a falar sobre ocorrido durante o período dos ataques e sobre seus efeitos, em constante trânsito. “Estamos, os quatro, refletindo sobre a melhor forma de abordar o linchamento virtual, a violência, a censura e todas as tintas fascistas através da estética, da arte”. 

Segundo o curador da mostra, Kleber Damaso, foi justamente a polêmica em torno dos ataques sofridos que reforçaram o desejo de promover esse debate: “Enquanto curador eu me senti quase que convocado a fazer essa discussão, e acho que ela é muito pertinente de acontecer na Universidade, que é o lugar onde a gente de fato se propõe a uma abertura em relação aos processos investigativos que extrapolam os controles de linguagem. E a incompreensão em torno do trabalho se deve muito a isso, não só em relação ao desconhecimento das questões que perpassam os trabalhos desses artistas, mas também tem a ver com os interesses políticos que levaram a essa distorção e uso inapropriado do trabalho do artista”. 

Programação 

Além de participar de Domínio Público, Schwartz apresenta, na terça (28), Piranha, a metáfora de um corpo em reclusão. Ele se agita nevralgicamente, entre uma dinâmica voluntária e involuntária, sitiado por uma composição de ruídos digitais. Já na quinta (30), o artista traz Transobjeto, em que ele é um homem-placa em cena, que fica nu, vira bicho, artista e modelo, canta, bebe, dança e fuma um cigarro. 

A programação ainda conta com outras performances: Tanque – Uma Opera Molhada, de Dudude Hermmann e Marco Paulo Rolla (MG); Sublime Travessia, também de  Hermmann; Entre Ver, de Denise Stutz (RJ); Intérpretes em Crise, Clarice Lima e Aline Bonamin (SP); Serão Performático no Cabaré Voltaire, Grupo Empreza; Protocolo Elefante, Grupo Cena 11, e oficina Dançar Dói, com Clarice Lima e Aline Bonamin (SP). 

SERVIÇO

‘Manga de Vento’

Quando: de 27/8 a 2/9

Onde: Centro Cultural UFG (Av. Universitária, nº 1.533, Setor Leste Universitário 

Entrada: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia) 

 

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