Cantora IZA, uma das atrações do ‘Inter 2019’, fala sobre sua ‘música de resistência’

IZA mostrou que não brinca em serviço mesmo com poucos anos de carreira, e continua trabalhando com uma ‘música de resistência’ – contra o machismo e o racismo

Postado em: 21-06-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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IZA mostrou que não brinca em serviço mesmo com poucos anos de carreira, e continua trabalhando com uma ‘música de resistência’ – contra o machismo e o racismo

Guilherme Melo

Uma das grandes revelações do estilo pop contemporâneo, a cantora IZA é uma das atrações principais do festival Inter 2019, que começou na última quarta-feira (19). A artista, conhecida por ter uma das vozes mais promissoras do Brasil, faz show, neste sábado (22), no Espaço Goiás. Ela já conquistou o prêmio de Música Brasileira do Multi­show de 2017. Venceu nas categorias de Melhor Álbum e Melhor Música no Women’s Music Event Awards, e mais: Melhor Álbum de Pop, no Grammy Latino de 2018, com o disco Dona de Mim

IZA mostrou que não brinca em serviço mesmo com poucos anos de carreira, e continua trabalhando com uma ‘música de resistência’ – contra o machismo e o racismo. A artista conta que foi uma surpresa quando as pessoas começaram a lhe reconhecer nas ruas. “Foi muito rápido quando comecei a ser reconhecida na rua. Um pedido para tirar foto, um autógrafo, ou as meninas me parando para dizer que se identificavam comigo. Mas foi muito mágico e especial”, revela a artista em entrevista ao Essência.

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Em seus shows, IZA sempre dá uma palinha de blues, jazz e/ou pop internacional, pois suas inspirações artísticas vão de Beyonce a Nina Simone. Mesmo com tanto conhecimento musical, ela confessa que uma carreira fora do Brasil ainda não está em seus planos. “Eu sonho em cantar para sempre, para o maior número de pessoas que eu puder. Uma carreira internacional é muito trabalhosa; tem que ser pensada com calma. Acabei de começar, e quero dar um passo de cada vez. Tem muita coisa para evoluir e crescer ainda aqui no Brasil”, informa.

Em abril de 2018, a artista lançou o álbum que a revelou para a grande parte do País. Dona de Mim foi um marco especial na carreira de IZA. Segundo ela, a construção do disco mesclava com a construção pessoal. “A expectativa era grande para lançar. Trabalhei nesse disco por um ano e meio. Ele é o retrato de muito trabalho, muita dedicação, pesquisa e entrega. Acho que as pessoas puderam conhecer mais da minha voz, do meu estilo e minhas crenças. Antes do disco, o show era feito de covers, de versões de sucessos. E agora o público pode ver um show que criamos exatamente para ele”, revela.

‘Mulher preta e pop’

IZA trabalha em suas músicas temas, como o racismo, desigualdade social e de gênero, e fala que o contato com o público mostra a importância do artista. “A gente só tem noção do papel que exercemos na vida das pessoas quando elas nos retornam às vivências delas com a música, às experiências que elas tiveram lendo uma entrevista nossa, o que sentiram ao nos ver na TV. E isso é inspirador”, admite IZA. 

A artista revela que, mesmo sendo um dom, ela sente uma pressão por ser considerada uma diva negra no Brasil.  “Tem sido muito especial saber que muitas meninas e mulheres me têm como representante. Não me sinto pressionada por isso. Eu lembro a menina que eu fui, e sei como é importante me ver nos lugares, me sentir representada, ter uma mulher forte me dizendo todos os dias que eu posso e que ‘quem sabe sou eu’”, revela.

Falando sobre representatividade, IZA reforça a importância de existirem mulheres negras cantando para mulheres negras. “Eu nunca tive a intenção de abordar esses temas, são ‘meio que’ naturais. São coisas que acontecem na minha vida; minhas vivências e o meu ponto de vista. Então, sempre que eu puder, vou passar esse tipo de mensagem por meio do meu trabalho. Quero cada vez mais que mais mulheres tenham lugar de protagonismo também”, conta IZA.

(Guilherme Melo é 

estagiário do jornal O Hoje sob orientação da editora do Essência, Flávia Popov) 

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