Enel Goiás multiplica lucro líquido em 14 vezes, mas investe 9,6% a menos em 2018

Lauro Veiga

Postado em: 17-04-2019 às 20h30
Por: Sheyla Sousa
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Lauro Veiga

Com
cortes em despesas operacionais, redução drástica nas despesas com pessoal e um
salto no valor diferido do Imposto de Renda (IR) e da Contribuição Social sobre
Lucro Líquido (CSLL), a Enel Distribuição Goiás conseguiu aumentar seu
resultado líquido em pouco mais de 14 vezes no ano passado. Os indicadores de
qualidade do serviço melhoraram, embora ainda superem por longa margem os
níveis ideais fixados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e o
investimento recuou na comparação com 2017, puxado para baixo pelo tombo nas
inversões destinadas à instalação de novas conexões.

Veiculadas
na edição de ontem do Diário Oficial de Goiás, as demonstrações financeiras da
distribuidora apontam um salto no lucro líquido de R$ 110,328 milhões para R$
1,552 bilhão entre 2017 e o ano passado (1.306,6% a mais), no que parece ser,
ao menos em valores nominais, um resultado histórico para a companhia. O
investimento total, embora tenha se mantido muito acima da média verificada nos
anos que antecederam a privatização da Celg Distribuição, baixou de R$ 837,116
milhões para R$ 756,678 milhões, em queda de 9,6% (ou R$ 80,438 milhões a
menos). Os valores investidos em novas conexões desabaram de R$ 464,443 milhões
para R$ 247,175 milhões, num tombo de 46,8%.

A
companhia decidiu priorizar investimentos na rede, envolvendo combate a perdas
e melhorias na qualidade do sistema elétrico. O primeiro grupo recebeu injeção
de R$ 51,985 milhões, em alta de 104,9% frente a 2017 (R$ 25,374 milhões). Os
programas de melhoria da qualidade demandaram R$ 243,957 milhões em
investimentos, o que significou elevação de 115,7% frente aos R$ 113,102
milhões investidos no ano anterior. Na soma dos dois grupos, o investimento
cresceu 113,7%, saindo de R$ 138,476 milhões para R$ 295,942 milhões.

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Receitas em alta

A
conta de resultados da distribuidora sofreu a influência de um incremento de
13,5% na receita bruta, que avançou de R$ 8,213 bilhões para R$ 9,320 bilhões.
Segundo a companhia, o crescimento refletiu o aumento das receitas com fornecimento
de energia elétrica, por sua vez impulsionadas pelo reajuste médio de tarifas
fixado em 14,65% pela Aneel a partir de 22 de outubro de 2017, assim como pela
leve alta de 1,2% no volume de energia negociado no mercado cativo (para 11.013
gigawatts/hora). Em 16 de outubro do ano passado, as tarifas subiram mais
18,54%, também na média, o que terá impactos mais relevantes sobre os números
de 2019. A receita líquida, apesar do impacto da alta de 12,5% nos custos do
serviço, aumentou 10,7% entre os dois exercícios analisados, avançando de R$
4,902 bilhões para pouco mais de R$ 5,425 bilhões.

Balanço

·  
O
efeito negativo gerado pelo crescimento de 12,9% nos custos e despesas não
gerenciáveis, formados basicamente por gastos com a compra de energia para
revenda (0,8% de alta) e encargos do uso do sistema de transmissão (mais
93,2%), foi compensado parcialmente pela queda de 11,0% nas despesas e custos
gerenciáveis (que podem ser manejados pela empresa.

·  
Entram
nessa última categoria, por exemplo, as despesas com pessoal, que desabaram
56,7%, de R$ 381,279 milhões para R$ 164,923 milhões, em função basicamente do
programa de demissões voluntárias realizado em 2017.

·  
As
despesas com material e serviços de terceiros baixaram 17,66% na comparação com
2017, caindo de R$ 487,809 milhões para R$ 401,669 milhões. No total, despesas
operacionais e custos do serviçoavançaram apenas 4,3% (de R$ 4,649 bilhões para
R$ 4,846 bilhões).

·  
O
resultado foi favorecido ainda pela redução de 27,9% nas despesas financeiras
líquidas (quer dizer, descontadas as receitas financeiras), de R$ 261,381
milhões para R$ 188,578 milhões.

·  
No
cálculo do lucro líquido, o diferimento (adiamento) de quase R$ 1,30 bilhão de
IR e CSLL ajudou a turbinar o resultado. Antes dos impostos, a distribuidora
registrou lucro de R$ 390,538 milhões (mas tinha anotado prejuízo de R$ 8,370
milhões em 2017).

·  
A
geração operacional de caixa (Ebitda, na sigla em inglês) aumentou 112,4%, de
R$ 429,437 milhões para R$ 912,167 milhões, significando 19,2% sobre a receita
líquida (9,77% um ano antes).

O incremento nas vendas de energia para clientes
no mercado livre (mais 15,6%) respondeu por 86,6% do aumento anotado pelo total
de energia vendida. 

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