Quinta-feira, 28 de março de 2024

Coluna

Apesar da crise, campo deve alcançar renda histórica neste ano em Goiás

Publicado por: Sheyla Sousa | Postado em: 22 de maio de 2020

A
colheita de uma safra de grãos recorde e a melhora no desempenho da pecuária
abrem espaço para números igualmente históricos para a renda bruta total do
campo ao longo deste ano em Goiás, num crescimento mais acentuado do que aquele
esperado para todo o setor no País, segundo projeções mais recentes da
Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa). Conforme acompanhamento mensal conduzido sob o comando do
coordenador geral de Avaliação de Políticas da Informação da SPA, José Garcia
Gasques, o valor bruto da produção agropecuária deverá experimentar alta de
12,08% na comparação entre 2002 e 2019, avançando de R$ 51,319 bilhões para R$
57,519 bilhões – o mais alto em toda a série histórica, em valor atualizados
até abril com base no Índice Geral de Preços (IGP) da Fundação Getúlio Vargas
(FGV).

Em
todo o País, o valor bruto da produção tende a avançar 8,63% em 2020, saindo de
R$ 641,673 bilhões para R$ 697,037 bilhões, a mais alta em 31 anos, quando a pesquisa
foi iniciada. No ano passado, a renda bruta do campo havia crescido 2,49% em
relação a 2018, recuperando-se da queda de 1,94% observada então. A
participação dos produtores goianos no valor bruto da produção, dessa forma,
deverá avançar de pouco menos de 8,0% para algo em torno de 8,3%.

A
perspectiva de melhora na renda da agropecuária, em meio à mais grave crise
sanitária desde o começo do século XX, contrapõe-se às previsões a cada semana
pioradas para o conjunto da economia. Esse comportamento pode ajudar a
amenizar, mas não deverá evitar a retração vigorosa já esperada para a renda
total, com impactos igualmente desastrosos sobre o consumo e a atividade
econômica em seu conjunto.

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Empurrão da soja

Em
Goiás, o desempenho das lavouras, turbinado pela melhor safra de milho e soja
desde que esse tipo de estatística começou a ser levantada no Estado pela Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab), tende a ser melhor do que a da pecuária, mas
os números nos dois casos deverão atingir níveis ainda não experimentados pelo
campo – caso as projeções da SPA se confirmem até o final do ano. A receita
bruta dos produtos agrícolas deverá se aproximar de R$ 38,181 bilhões, o que se
compara a R$ 33,372 bilhões em 2019, num aumento de 14,41%. A soja deverá
responder por quase 68% desse incremento, já que a renda dos produtores deverá
elevar-se de R$ 13,129 bilhões para R$ 16,381 bilhões, num acréscimo de R$
4,809 bilhões, correspondendo a um aumento de 24,77% (o que mais do que
compensará a retração de 9,43% observada em 2019). Esse ganho explica pouco
mais da metade (52,5%) do aumento esperado para o valor bruto de toda a
agropecuária, com a participação da soja subindo de 25,58% para 28,48% entre
2019 e 2020.

Balanço

·  
A
renda bruta dos produtores de milho, proporcionalmente, deverá anotar
crescimento mais expressivo, num salto de 30,95% entre aqueles dois anos,
avançando de R$ 6,174 bilhões para R$ 8,086 bilhões (R$ 1,911 bilhão a mais).
No ano passado, o valor da produção do milho em Goiás já havia registrado alta
muito próxima de 30%, o que faz a receita bruta do setor acumular variação real
de 70,2% desde 2018.

·  
A
produção goiana do grão deverá superar a colheita prevista para a soja, somando
12,749 milhões de toneladas, um novo recorde para o Estado, com elevação de
10,9% diante das 11,492 milhões de toneladas colhidas na safra 2018/19.

·  
Igualmente
histórica, a colheita de soja deverá se aproximar de 12,465 milhões de
toneladas no ciclo 2019/20, num incremento de 9,0% em relação à safra passada,
que havia alcançado 11,437 milhões de toneladas.

·  
Os
produtores de cana de açúcar, a se confirmarem as estimativas do Mapa, deverão
faturar em torno de R$ 7,084 bilhões neste ano, crescendo 3,48% e recompondo
parte das perdas realizadas em 2019, quando observou-se queda de 6,0% na
comparação com 2018.

·  
Embora
tenha virtualmente mantido a produção registrada em 2018/19, com leve oscilação
de 1,5% (saindo de 304,4 mil para 308,9 mil toneladas), o feijão tenderá a
anotar elevação de 9,13% no valor bruto de sua produção, prevista em R$ 1,312
bilhão (frente a R$ 1,202 bilhão em 2019). Será o melhor resultado para o
produto desde 2016.

·  
Depois
de saltar pouco mais de 53% no ano passado, o valor bruto da produção de
algodão tenderá a encolher 11,0% neste ano, caindo de quase R$ 1,170 bilhão
para R$ 1,041 bilhão. Como a produção de algodão em caroço deverá cair perto de
4,8%, para 165,4 mil toneladas, o levantamento pressupõe baixa mais intensa nos
preços da arroba.

·  
A
receita bruta da pecuária está estimada em R$ 19,338 bilhões, perto de 7,75%
acima do valor alcançado em 2019 (R$ 51,319 bilhões), quando a variação havia
sido de 3,85% em relação a 2018. A principal contribuição virá da exploração de
bovinos, com valor bruto esperado de R$ 9,681 bilhões (recorde), embutindo
crescimento de 17,38% frente a 2019 (R$ 1,434 bilhão a mais). As receitas
brutas com a criação de suínos e a produção de ovos deverão avançar, pela
ordem, 10,24% e 22,59%. Na mesma ordem, o valor da produção atingiria R$
865,309 milhões e R$ 871,581 milhões neste ano.

·  
Mas
espera-se redução para as receitas na produção de frangos (-4,86%, para R$
4,361 bilhões) e de leite (-1,69%, para R$ 3,559 bilhões).