Coluna

Serviços respondem por metade dos empregos perdidos em Goiás

Publicado por: Sheyla Sousa | Postado em: 28 de maio de 2020

Depois
de interromper por quase três meses a divulgação de dados sobre o mercado
formal de trabalho, o Ministério da Economia finalmente liberou ontem as estatísticas
referentes a abril. Os números, como já amplamente antecipado por várias
correntes de economistas e analistas econômicos, apresentam o que se aproxima
de uma primeira radiografia dos impactos da crise sanitária por setor e região,
além de mostrar um agravamento na tendência de deterioração do emprego formal
entre março e abril, no País e igualmente em Goiás. Analisado por setor de
atividade, os serviços responderam por uma fatia pouco superior a 50% do saldo
negativo, com demissões especialmente nas áreas de hotéis, bares e
restaurantes, informação, comunicação, atividades financeiras e imobiliárias.

Em
todo o País, foram perdidos mais de 1,101 milhão de empregos formais em março e
abril, com o fechamento de 21.248 vagas com carteira assinada em Goiás. As
perdas mais severas concentraram-se em abril, quando foi registrada a perda de
860,50 mil empregos em todo o País, representando um recuo de 2,21% no estoque
de empregos formais, que se aproximava de 37,9 milhões naquele mês, segundo
estimativa desta coluna. Em janeiro, o saldo total de empregados formais havia
alcançado quase 38,810 milhões, mas a diferença entre admissões e desligamentos
a partir de fevereiro mostra o afastamento de 876,4 mil trabalhadores formais.
O saldo havia sido positivo em 113,16 mil e em 224,82 mil em janeiro e
fevereiro, respectivamente. Na sequência, foram fechadas pouco mais de 1,10
milhão de vagas, como registrado acima.

Continua após a publicidade

Tombo em abril

As
estatísticas do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), agora
baseado nos dados repassados por meio do Sistema de Escrituração Fiscal Digital
das Obrigações Fiscais Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial), apontam saldo
positivo entre contratações e demissões de 7.758 e 11.003 em janeiro e
fevereiro, com fechamento de 2.054 e 19.194 em março e abril em todo o Estado. Apenas
no mês passado, o encerramento de vínculos de emprego correspondeu a uma
redução de 1,55% no total de empregados formais, abaixo da queda de 2,21%
registrada em todo o País. No acumulado dos primeiros quatro meses, o mercado
formal em Goiás afastou 2.487 trabalhadores, resultado de 175,319 mil admissões
e 177,806 mil desligamentos. O saldo total de empregados parece ter recuado de
1,227 milhão em janeiro para alguma coisa próxima a 1,217 milhão em abril.

Balanço

·  
Ainda
em abril passado, o total de admissões no Estado anotou tombo de 54,6% em
relação ao mesmo mês do ano passado, saindo de 52.497 para 23.849. Os
desligamentos recuaram 6,4%, de 46.001 para 43.043. O saldo de contratações e
demissões, no entanto, havia sido positivo em 6.496. O sinal, como visto,
invadiu o terreno negativo desde março deste ano.

·  
Analisados
de forma isolada, os dados de abril indicam que oito cidades concentraram, em
Goiás, 86,3% do saldo negativo total entre desligamentos e admissões. Goiânia,
Aparecida de Goiânia, Anápolis, Caldas Novas, Rio Quente, Catalão, Rio Verde e
Luziânia, em conjunto, demitiram 16.565 trabalhadores.

·  
Como
parece nítido, são regiões onde predominam os setores de serviços, incluindo
turismo, hotelaria, restaurantes, e atividades industriais, a exemplo de
Aparecida de Goiânia, Anápolis e Catalão. Goiânia poderia ser incluída nessa
relação, mas apenas parcialmente, dada a maior importância relativa do setor de
serviços na capital.

·  
A
propósito, Goiânia foi responsável pelo afastamento líquido de 9.989 empregados
(52,04% do saldo total), número que reflete apenas 5.956
admissões e 15.945 demissões. Ou seja, a capital respondeu por um quarto das
contratações no Estado, mas teve participação de 37% nas demissões.

·  
Aparecida
de Goiânia surge em segundo, com afastamento líquido de 1.732 pessoas, seguida
por Anápolis (1.458). No primeiro caso, foram 2.078 admissões e 3.810
desligamentos. Na segunda cidade, as empresas contrataram 1.718 e demitiram
3.176 pessoas.

·  
A
região que engloba os municípios de Caldas Novas e de Rio Quente, largamente
dependente de atividades turísticas, demitiu 2.139 pessoas em abril, o que
representou 11,14% do saldo negativo acumulado no mês em todo o Estado. A
paralisação do complexo turístico instalado ali gerou 2.385 demissões, o que se
contrapôs a apenas 246 contratações.

·  
Entre
os setores de atividade, na classificação agora adotada pelo Caged, que passou
a seguir a mesma estratificação estabelecida pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), apenas a agricultura contratou mais do que
demitiu, registrando saldo positivo de 690 empregos formais.

·  
Os
serviços participaram com pouco mais da metade do saldo negativo, precisamente
50,41%, registrando 9.675 demissões a mais do que as contratações. Os segmentos
de alojamento e alimentação e de informação, comunicação e atividades
financeiras e imobiliárias, respectivamente, demitiram liquidamente 3.269 e
3.131 trabalhadores. A indústria e a construção fecharam, pela ordem, 1.727 e
892 vagas.