Líder deve ser mantido na Assembleia

É consenso entre deputados da base que Francisco Oliveira deve continuar no posto e o governo também admite possibilidade

Postado em: 17-03-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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É consenso entre deputados da base que Francisco Oliveira deve continuar no posto e o governo também admite possibilidade

Lucas de Godoi*

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À medida que vai se aproximando a data de posse do vice-governador Zé Eliton no governo, aumentam as expectativas em torno das alterações que ele fará em sua gestão. Eliton assume o Estado no dia 7 de abril, quando Marconi Perillo se desincompatibiliza do cargo para concorrer ao Senado nas eleições deste ano.

Um dos pontos em discussão é o de líder do Governo na Assembleia Legislativa (Alego),tema tratado hoje com discrição. Atual líder, odeputado Francisco Oliveira (PSDB) conta com apoio de parlamentares do próprio partido e até da oposição para se manter na função. “Acredito que tenho essa abertura com a oposição e também com parlamentares da base. Tenho convicção que a gente conta com prestígio porque ouvimos todos os parlamentares, ouvimos cada um, vemos seu problema”, falou à reportagem ao analisar o apoio recebido.

Em resposta ao O Hoje, o deputado Talles Barreto, nome cogitado nos bastidores para assumir a liderança do governo no Legislativo, defendeu a manutenção do atual líder. “Acho que o correto é manter o Chiquinho(como é conhecido o deputado Francisco Oliveira). Nós estamos muito bem servidos com o Francisco, um homem que tem experiência, foi presidente da Câmara, sempre foi um grande líder e um homem do governo. Não vejo necessidade de fazer mudança de liderança. Toda a mediação, toda aproximação, vou estar do lado ajudando, respaldando”, declarou Talles, que chegou a disputar a função com Francisco, em 2017. 

Chiquinho foi vereador de Goiânia por três mandatos seguidos, entre 1992 e 2004. Ele também exerceu a presidência da Câmara Municipal por três vezes, fato inédito e único até os dias atuais. Depois de atuar como Secretário de Articulação Política e de Gestão da Governadoria do Estado, durante o segundo e terceiro mandatos de Marconi Perillo, consecutivamente, Francisco foi eleito deputado estadual pelo Partido Humanista da Solidariedade (PHS), mas deixou a sigla para filiar ao PSDB no final de 2016. Sua indicação para liderar os assuntos do governo ocorreu quando o então ocupante do posto, José Vitti (PSDB), foi eleito como presidente da Assembleia, ocasião em que Marconi Perillo o designou para a função, que ocupa desde o ano passado. 

Ex-presidente da Assembleia Legislativa (2014–2017), deputado Helio de Sousa também apoia a permanência do líder na Casa. “Eu vejo que é completamente natural a permanência do Francisco Oliveira pela desenvoltura que ele exerceu o cargo de líder”. Helio ainda sustenta sua preferência ao lembrar que o governo segue o mesmo mandado. “Muda o governador, mas é o mesmo governo, ele seria a meu ver a pessoa indicada a liderar a base”, enfatizou. 

O deputado Daniel Messac(PSDB) pontuou que embora ninguém tenha falado em substituir Chiquinho Oliveira, a liderança deve ser exercida por alguém que “entenda que o projeto do governo tem que estar acima do projeto pessoal”, referindo-se à aproximação das eleições, momento em que alguns parlamentares estarão em campanha para reeleição, incluindo o próprio Francisco Oliveira. 

“Não é possível vislumbrar nenhum movimento nesse sentido, até porque o vice-governador Zé Eliton é muito discreto. Então até o presente momento não há nada nesse sentido. Isso também não quer dizer que não haja mudanças. O atual líder tem feito um trabalho excepcional na defesa dos projetos do governo.Agora, cada governante tem a sua preferência”, justificou Messac sobre a ausência de conversas em torno de uma eventual troca de líder.

Um dos principais críticos da atuação do líder, o deputado Cláudio Meirelles (PR) mostrou simpatia pela permanência de Francisco, por entender que uma eventual substituição poderia ser prejudicial. “Se me perguntarem, acho que deve permanecer, porque o Francisco Oliveira já está acostumado e já é líder desde o início com o Marconi Perillo. Agora, se mudar, talvez esse próximo líder [possa ser] capaz de se prejudicar”, analisou Meirelles.  

Vitti terá destaque na interlocução com o governo 

Caso Zé Eliton mantenha o atual líder do Governo na Assembleia, ele terá um reforço na Casa, com a atuação do presidente José Vitti (PSDB).  De acordo com uma fonte palaciana, Vitti deve atuar como interlocutor do governo, dando uma força a mais para pautar os projetos da Governadoria. A diferença é que o trabalho será exercido, além do Chiquinho, também pelo presidente da Casa. 

A proximidade de José Vitti com o vice-governador tem surtido efeito. Como mostrada pela Coluna Xadrez, Vitti acertou com Zé Eliton a liberação das emendas parlamentares. Com elas os deputados atendem demandas nas bases. “As emendas são a sobrevida dos deputados (…) tendo esse entendimento pessoal com o governador Zé Eliton, isso nos atende”, explicou José Vitti na última quarta-feira.

“Nesse momento, o que tenho feito é apenas dar tranquilidade a nossa base, de que ele [Zé Eliton] fará tudo para manter essa base que já caminha há muitos anos com o governador Marconi”,disse Vitti.  (*Especial para O Hoje) 

Entrevista : Francisco Oliveira 

“Tenho admiração grande pelo Zé Eliton” 

Atual líder do Governo na Assembleia, o deputado estadual Francisco Oliveira (PSDB) disse estar animado para trabalhar com Zé Eliton, após tomar posse como governador, em 7 de abril. Em entrevista ao O Hoje, ele falou dos desafios da liderança e da boa relação com os parlamentares. 

O senhor se sente confortável em continuar como líder do Governo, após a posse de Zé Eliton?

Sim, porque em relação ao meu trabalho como líder do governo Marconi, nos últimos 13 meses, não teve nenhuma matéria que não fosse aprovada, porque nossa base é muito forte, coesa e tem comprometimento com o governo. 

Quais as dificuldades enfrentadas na condição de líder? Alguma matéria em especial? 

Quando votamos a PEC dos gastos, outras matérias em relação aos servidores, parecia complicada, mas hoje não. Todo servidor público tem o reconhecimento do governador. Às vezes uma matéria parece difícil, mas com tempo e clareza, ela se manifesta como positiva para a sociedade. Os servidores nutrem respeito pelo governador Marconi. 

Qual sua relação com o vice-governador Zé Eliton?

Muito pessoal, conheço o Zé Eliton há quase 20 anos, é meu parceiro, meu amigo, tenho uma admiração muito grande por ele e agora, como governador, sou liderado e estou para atender as demandas dele e do presidente da Casa.

O presidente da Assembleia, deputado José Vitti, terá maior destaque no governo? 

Ele sempre teve muito destaque. A preocupação maior dele é que estejamos todos engrenados e convictos do nosso projeto. Nosso projeto é a eleição do nosso governador Zé Eliton, e trabalhar essa base, esse exército que é muito forte.  

O papel do líder 

Entenda quais são as principais atribuições do Líder no Poder Legislativo:

Orientar o voto dos deputados do seu grupo político;

Solicitar a criação de comissão especial para analisar projetos de lei;

Indicar os parlamentares para compor as comissões da Assembleia;

No plenário, durante as sessões, o líder pode pedir a palavra;

Os líderes partidários também participam, em conjunto com o presidente da Casa, das reuniões do Colégio de Líderes, um órgão que define, principalmente, quais serão as matérias que entrarão em votação no plenário.

 

Projeto da base é o melhor, diz deputado 

Estrela em ascensão do PSDB em Goiás e cotado para disputar a prefeitura de Goiânia em 2020, o presidente da Assembleia, José Vitti, garante não ter arestas com o vice-governador Zé Eliton. Vitti disse que o projeto do Tempo Novo está longe de ser esgotado e é o melhor para Goiás. De acordo com ele, ao assumir o comando do governo estadual no início abril, Eliton terá a oportunidade de mostrar para a população goiana o seu jeito de administrar e suas qualidades como gestor público.

“Ele terá todas as condições necessárias para demonstrar que é capaz de disputar mandato de governador e acabar, de fato, com qualquer desconfiança acerca da sua candidatura. Será o momento dele e eu acredito que se sairá muito bem, pois tem todas a credenciais para isso”, disse. 

Sobre a sua participação na pré-campanha de Eliton, Vitti disse que atuará na parte da articulação política, mas não vai assumir uma coordenação. “Seria absolutamente inviável presidir a Assembleia, ser candidato a algum cargo e ainda coordenar uma campanha eleitoral”, observou.

Vitti salientou que apenas foi convidado para fazer parte das conversas políticas da pré-campanha, fazendo uma interlocução com os deputados, um trabalho que ele já faz com os parlamentares da base aliada.

“Essa interlocução vai ser bacana para os assuntos que tangem ao governo e também é uma forma de valorizar mais a todos nós, deputados. Tenho certeza que daqui para frente nossa relação vai ser mais próxima e profícua”, finaliza o presidente da Assembleia. 

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