Olho na Copa e na pré-campanha

Enquanto a bola rolar na Rússia, os pré-candidatos ao governo de Goiás estão, ao mesmo tempo, de olho nos gramados e também na costura de alianças

Postado em: 16-06-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Enquanto a bola rolar na Rússia, os pré-candidatos ao governo de Goiás estão, ao mesmo tempo, de olho nos gramados e também na costura de alianças

Venceslau Pimentel*


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Como em toda Copa do Mundo, o brasileiro dribla qualquer obstáculo para poder assistir aos jogos da seleção, principalmente se a partida acontecer durante a semana. Ou seja, a pátria em chuteiras praticamente para nessas ocasiões. Da mesma forma, quando a bola rolar na Rússia, os pré-candidatos ao governo de Goiás estarão, ao mesmo tempo, de olho nos gramados e também na costura de alianças, visando as eleições de outubro. Não poderia ser diferente na chamada Pátria de Chuteiras.

A reportagem do O Hoje quis saber dos governadoriáveis mais bem posicionados nas pesquisas de intenção de voto como será a rotina deles durante a Copa, os locais em que assistirão aos jogos da nossa seleção, palpites e chances do escrete canarinho trazer a taça para o Brasil. Mais que isso, se, numa eventual conquista, contagiaria o eleitor, tão desolado e desiludido com a política e os políticos, diante da espoliação dos cofres públicos, com o pagamento e recebimento de propinas a uma parte deles, como tem revelado a Operação Lava Jato.

O primeiro jogo do Brasil, em solo russo, será contra a Suíça, neste domingo, às 15 horas, na Samara Arena, em Rostov.

O governador José Eliton (PSDB), que vai tentar a reeleição, dará expediente normal no Palácio das Esmeraldas durante os jogos do Brasil em dias úteis. De lá assistirá aos jogos. “Nos fins de semana, devo assistir em alguns municípios com amigos e lideranças da base”, prevê.

De qualquer forma, haverá mudança na rotina. Dele e do funcionalismo. Como já se sabe, o governo anunciou, via decreto, que o ponto será facultativo até meio-dia nos dias de jogos da seleção pela manhã, em dias úteis. A exceção fica por conta das áreas de serviços públicos essenciais. O mesmo acontecerá, a partir das 13 horas, em dias úteis de jogos no período vespertino.

A rotina do senador democrata Ronaldo Caiado não sofrerá alteração durante a Copa. Mas nos dias dos jogos do Brasil ele assistirá as partidas ao lado da família e amigos, quando estiver em Goiânia.

Da mesma forma, o pré-candidato e deputado federal Daniel Vilela (MDB) diz que a sua rotina terá mudança. “Só um pouco. Vamos manter nossas atividades, ajustando a agenda dentro das circunstâncias”, explicou. Nos dias de jogos da seleção, afirma que vai aproveitar para cumprir os despachos internos, participar de reuniões de equipe e cumprir as agendas externas já programadas. “Mas é claro que a hora do jogo é sagrada, pois também queremos torcer para nossa Seleção”.

Kátia Maria (PT) sustenta também que não alterará a sua rotina. “De forma alguma! Vamos todos torcer por nossa seleção, sem nos esquecermos que a luta não para! Temos muito trabalho a fazer, vamos garantir que o povo tenha a chance de escolher um projeto verdadeiramente democrático, que considere as pessoas como prioridade, atendendo às necessidades mais urgentes de nosso estado”, disse.

Sobre os locais onde deve torcer pelo Brasil, José Eliton já tem mais ou menos programados. “A agenda sofre alguma alteração apenas em dias úteis de jogos da Seleção Brasileira. Durante a semana, a tendência é de assistir em Goiânia. Nos fins de semana deverá ser no interior, mas ainda não dá para saber em quais cidades.

No primeiro jogo, Daniel Vilela estará em Goiânia, já que as agendas do dia já estavam concentradas na capital. “E também quero ver a estreia ao lado do meu filho, que adora futebol. Recebi alguns convites para assistir os demais jogos com companheiros no interior e pretendo fazer isto. Vai que dá sorte!”, pondera.

Já a petista diz que vai depender das agendas, que são intensas. “Sei que domingo vou assistir no tradicional Mercado Popular da 74, comendo um pastel na Pastelaria do Meu”, revelou. “Já estamos visitando e construindo no interior há bastante tempo. Hoje, temos o partido organizado em todas os municípios de nosso estado. De todo modo, vamos acompanhar os jogos pelo rádio, internet e TV quando possível”.

A Seleção Canarinho foi a primeira a garantir vaga na Copa do Mundo da Rússia, de forma antecipada, dentro das eliminatórias sul-americanas. Por ser a dona da casa, a Rússia já tinha vaga garantida. Foi a segunda melhor campanha da história das eliminatórias da América do Sul, com 41 pontos, atrás apenas da Argentina, em 2002, que cravou 43 pontos.

Com isso, a seleção, sob o comando do técnico Tite, ganhou fôlego e prestígio junto ao torcedor. Mas ainda é latente a decepção sob o comando de Luiz Felipe Scolari – principalmente depois da acachapante derrota para a Alemanha, por 7×1, em pleno Mineirão, na Copa de 2014.

Caiado lembra desse episódio e diz que o 7×1 foi traumático para seleção e para os brasileiros, mas ele acredita que na hora que a bola rolar os brasileiros vão se unir para assistir e dar força. “O futebol está enraizado em nossa cultura”, destaca. Por isso, diz estar 100% confiante na Seleção Brasileira, por ter comando, ao mesmo tempo que elogia Tite. “Sou sempre otimista”.

Ao também falar da expectativa do desempenho do Brasil na competição, Daniel Vilela considera o time como muito bom e que está entrosado. “Então acredito que temos tudo para fazer uma bela Copa e quem sabe trazer o hexa. Mas é claro que o nível dos concorrentes também é alto e o favoritismo é relativo”, pondera.

Indagado se apostaria na vitória da Seleção ao final do campeonato, o emedebista faz uma reflexão. “A última Copa nos deixou com um pé atrás com a seleção, mas eu ainda aposto no triunfo do Brasil neste ano”.

O técnico Tite, na avaliação da pré-candidata do PT, vem demonstrando grande aptidão nas estratégias e uma ótima liderança. “Percebo nossos jogadores em sintonia. São craques! Eles estão nos maiores times do mundo. Nossa torcida, apesar de estar sofrendo muito com o cenário político, sempre foi uma das mais animadas e é o povo que move o Brasil. O esporte faz parte da história do brasileiro. É hora de virar o jogo, tanto na política quanto em campo”, defende ela, apostando na vinda da taça ao país. “O Brasil vai vencer este e outros desafios!”

Também cauteloso, José Eliton salienta que Copa do Mundo é uma competição difícil, mas que não tem dúvida de que a seleção brasileira está preparada e motivada para ser vitoriosa e ganhar o hexacampeonato. “Claro que aposto numa vitória nossa”.

 

Conquista da taça pode mudar o humor do eleitor 

Até que ponto uma eventual conquista da taça pelo Brasil mudaria o humor do eleitor, ainda pouco empolgado com as eleições deste ano? Os pré-candidatos apostam que sim.

Para Ronaldo Caiado, assim como ele acredita na vitória da seleção, ele faz uma analogia com o processo sucessório. “As eleições vão consolidar a mudança em Goiás e no País, porque os goianos e brasileiros estão cheios de esperança por essa renovação de atitudes na política”.

O governador não acredita numa correlação entre resultado da Copa e humor do eleitorado. Ele avalia que haverá maior interesse dos goianos e brasileiros pelas eleições e de avaliarem os perfis e as propostas dos candidatos a partir do final da Copa e início da campanha eleitoral.

Eliton sustenta que as pesquisas mostram que a agenda eleitoral não está neste momento no radar de mais de 75% dos eleitores, e que isto deverá reduzir consideravelmente a partir do final de julho e início de agosto.

A última pesquisa Serpes indica, no levantamento espontâneo, que o número de eleitores indecisos chega a 74,8%. Caiado registrou 9,2%; Eliton 2,2%; Daniel 0,4%; e Kátia 0,1%. Já a pesquisa estimulada, o democrata tem 38%; o governador aparece com 10%; o emedebista com 5,6% e a petista, 4,6%.

Kátia Maria também diz não ver correlação entre o resultado da Copa com as eleições no país. “De modo algum”, pontuou. “O povo brasileiro já entendeu que estamos sofrendo as consequências de um golpe político-midiático-parlamentar. Essas eleições são para mostrarmos que política é coisa séria: o povo vai dizer nas urnas que o melhor projeto para o país é um projeto popular, democrático e pensado para que as pessoas estejam em primeiro plano”, aposta.

Daniel Vilela comunga com o mesmo posicionamento do governador, sobre os reflexos da conquista brasileira na Rússia e o processo eleitoral. “Sinceramente, não acredito”, diz. “Acho que o brasileiro alcançou nos últimos anos um melhor nível de consciência política e social e não vai deixar o resultado de um torneio esportivo influenciar sua decisão nas urnas. E é melhor que seja assim”, pontua, mas faz uma ressalva. “Claro que se o Brasil ganhar o hexa vai ser um momento de muita festa e fará bem para nossa autoestima, mas não acredito que isto levará os brasileiros a esquecerem de tudo que precisamos mudar nesse País”. 


Articulações de alianças para eleições continuam 

Nem mesmo os jogos da Copa da Rússia vão tirar o foco dos pré-candidatos das articulações sobre alianças político-eleitorais. A um mês das convenções – que vão de 20 de julho a 5 de agosto – a grande incógnita gira em torno do rumo que o Partido Progressista (PP) vai tomar.

A legenda, comandada pelo ministro das Cidades, Alexandre Baldy, tem sido disputada pela base aliada ao governo, pelo senador Ronaldo Caiado e pelo deputado federal Daniel Vilela. Hoje, pode-se dizer que há uma maior proximidade com o emedebista. Mas nada está definido.

Quem também vive um dilema é o PSD. Apesar de a maioria dos integrantes do partido – deputados, prefeitos e vereadores – defender que o partido continua na base de aliada, para defender a reeleição de José Eliton, o seu presidente, Vilmar Rocha, insiste que a definição só aconteça na convenção.

Por isso mesmo, o governador diz que as articulações de costura de aliança continuam em pleno campeonato mundial. “A Copa do Mundo não altera este calendário político, exceto em dias de jogos da seleção brasileira”, assegura.

“Elas nunca pararam, pelo contrário”, pontua Daniel. “Só estão se intensificando cada dia mais e será assim até o dia das convenções”. Por sua vez, Caiado afirma que nada muda. “O ritmo continua o mesmo”.

Ao falar também sobre a costura de alianças, Kátia Maria afirmou que o PT está preparado para qualquer cenário. “Nós também estamos em conversa com o PCdoB e vamos procurar o PSOL para discutirmos as eleições de 2018”, contou. (Especial para O Hoje) 

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