“Poderíamos estar trazendo muito mais empresas para Goiás”

Presidente da Acieg acredita em crescimento no segundo semestre e defende política de incentivos fiscais

Postado em: 22-06-2019 às 07h50
Por: Leandro de Castro Oliveira
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Presidente da Acieg acredita em crescimento no segundo semestre e defende política de incentivos fiscais

Foto: Divulgação 

Raphael Bezerra

Em entrevista para o Jornal O Hoje, o presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), Rubens José Fileti, defendeu a importância dos incentivos fiscais para o empresariado goiano. Segundo o presidente, a sociedade precisa entender a importância dos benefícios para o Estado e citou que até agora foram anunciadas a vinda de 15 empresas para Goiás, apesar de que esse número poderia ser muito maior se houvessem políticas mais atrativas. 

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Outra questão abordada pelo presidente foi o início dos governos federal e estadual que, para Fileti, sofrem no início de uma nova gestão, porque ainda há uma questão de adaptação, no entanto acredita no atual governo estadual e se coloca à disposição para discutir melhorias para Goiás. 

A previsão do PIB brasileiro vem tendo constantes reduções, pela primeira vez a previsão chega a baixo de 1%. Se continuar neste ritmo, o Brasil pode voltar a ter um PIB negativo? 

O que nós acompanhamos nos nossos estudos dentro da Associação é que os aspectos políticos estão atrapalhando a nossa classe econômica e classe produtiva. E diante de todas as variáveis que acontecem neste primeiro semestre, a gente acredita que o Governo Federal vai se ajeitar no segundo semestre e não deve fechar em índice negativo. A gente acredita que o semestre será de recuperação.

O que acontece é que a gente tem algumas inseguranças. E isso é normal em início de Governo. Está se ajeitando uma série de questões. Goiás, por exemplo, vive um período de incertezas com incentivos fiscais e com as empresas que estão querendo vir para Goiânia. Eles estão consultando se vai cortar incentivo fiscal, se não vai. O que está acontecendo. Então, o empresário fica muito preocupado com estas notícias, e eles têm um receio muito grande em fazer investimentos. Está todo mundo segurando para que, quando houver certeza que estas inseguranças jurídicas, tanto no âmbito nacional, quanto no âmbito estadual, forem para um patamar aceitável para o empresário, aí sim, esta nossa área econômica começará a fazer um investimento um pouco maior. 

A direção da Associação teve uma mudança na presidência. Qual sua trajetória?

Estou na Acieg há 13 anos. Nesta caminhada passei por algumas funções, como conselheiro, diretor e vice-presidente, meu nome foi levado para o conselho e eu fui convidado para conduzir a Associação neste período final de mandato, que acaba no final de 2019. A nossa grande missão é não deixar de conduzir da forma que o [ex-presidente] Euclides [Barbo Siqueira], conduzia a casa até a sua saída em março. Mas eu trago uma pegada de resgatar aquilo tudo que foi feito no passado, que foi muito boa e bem vista pelo setor produtivo. Então a minha primeira palavra de ordem na minha recondução foi a palavra resgate. Estamos resgatando um relacionamento mais robusto com os nossos associados, levando produtos que façam com que os nossos associados se sintam privilegiados dentro do mercado. Estamos levando uma relação forte para a secretaria de segurança pública, que os empresários são muito ligados e é uma área de bastante relacionamento com a Acieg. Também estamos levando pautas positivas para o Governo. Não queremos ficar apontando erros, mas temos estudos muito robustos, para que a economia de Goiás cresça. 

A Acieg sabatinou todos os candidatos ao Governo de Goiás em 2018. O que o setor espera do governador Ronaldo Caiado? E quais as medidas mais específicas?

Acreditamos muito no atual governo. A gente vê que em todo o início de gestão a gente tem que ajeitar a casa, tem que mudar alguns procedimentos que você tem como diretriz do seu atual mandato. Igual o governo, a Acieg e qualquer outra empresa do setor privado é. Só que a Associação vem observando que em alguns momentos a condução destes assuntos específicos do governo pode ser que cheguem meio desalinhados com as estratégias que o setor produtivo quer. Então a nossa missão é ser o elo entre o setor produtivo e o governo, para que o governo acelere mais as suas ações propositivas para o crescimento econômico e que não fiquemos nos embates. A gente vê que o Estado está começando a ir pelo caminho certo e a gente tem uma pauta muito importante em questão, que é a dos incentivos fiscais.

Uma das exigências do plano de estabilidade fiscal, o Plano Mansueto, é a redução em 10% nos incentivos fiscais. Como a entidade vê essa possibilidade? 

O Fórum Empresarial e a Acieg vem mantendo uma relação muito próxima ao Estado de Goiás no que diz respeito à esta pauta. O Governo de Goiás anunciou o corte de R$ 1 bilhão em incentivos fiscais. O que nós temos de informação é que foram cortados cerca de R$ 600 milhões. Pouco mais do que a metade anunciada pelo governo. Nós queremos que alguns incentivos sejam apenas mantidos e que alguns incentivos sejam melhorados. A intenção não é mostrar para o governo que o incentivo tinha que ser dado. O incentivo é um fator competitivo muito importante. Porque esta guerra fiscal, de manobras para trazer empresas para os estados prejudica muito os nossos empresários. E acaba enfraquecendo a vinda de outras empresas. Mesmo com o anúncio da chegada de mais 15 empresas no Estado, acredito que é um número muito tímido ainda. Poderíamos estar trazendo muito mais empresas, apesar de que o governo tem feito um trabalho belíssimo de reversão para trazer novas empresas incentivadas para Goiás. 

Qual é a importância dos incentivos fiscais? 

O principal benefício é o da competitividade. Nós temos alguns assuntos que não são abordados no incentivo fiscal. Mas quando a gente fala de e-comerce, que tem números assustadores de crescimento a nível nacional, Goiás passa todos os incentivos por cima, ou por estada. Ou seja, não fica registrado nenhum ICMS no Estado. Nós não temos nenhum tipo de incentivo para este tipo de seguimento que cresce assustadoramente. No Tocantins, por exemplo, temos um benefício gigante. Se a gente pega o Espirito Santo, que é referência, temos várias empresas de renome nacional e internacional se despontando no Estado.

Houve uma tendência, no início do ano, de geração de empregos no Estado de Goiás. Isto pode ser uma tendência para os próximos meses? Como a Acieg tem visto os números de geração de empregos no Estado? 

O que nós analisamos é que não está faltando emprego. Está faltando é qualificação da mão de obra. Então, o que está chegando para nós, na Associação, é que as empresas estão com disponibilidade de vagas, no entanto, não tem encontrado o colaborador correto para o preenchimento daquela vaga. Esta é uma das nossas ações. Até março do ano que vem, nós vamos capacitar mais ou menos duas mil pessoas envolvidas nos cenários dos nossos associados, para que elas se capacitem mais. Acreditamos que haverá uma queda neste número de vagas sinalizadas. Mas a tendência é que no segundo semestre isso aumente. No entanto, a gente vai enfatizar nesta questão da qualificação dos possíveis candidatos. 

 

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